Polêmica

ATENÇÂO: POST ENORME ;)

A Reprodução Humana Assistida é uma ciência extremamente moderna. A cada dia novas descobertas são feitas. Mais e mais casais realizam o sonho de se tornar pais através deste ramo de ciência. Esta evolução constante e contínua permite que muitos mitos ligados a fertilidade sejam desmistificados diariamente, no entanto outros impecílios vão se criando.

A RHA por si só, é uma ciência bastante polêmica socialmente e religiosamente. Não acredito na verdade absoluta, acho que tudo têm múltiplos lados e muita coisa é subjetiva. Por ser tão jovem, há ainda vários fatores desconhecidos na RHA, tanto cientificamente quanto legalemente, por isso volta e meia, a RHA acaba caindo na graça da mídia, tanto positivamente qnto negativamente.

Recentemente, a RHA está sendo muito debatida na mídia norte-americana, e por conta disso acredito que novas regulações irão afetar esta área.

A polêmica atual se relaciona ao programa de doação. Casais com problemas de fertilidade podem recorrer a doadores de sêmen, óvulo e até mesmo a barriga de aluguel. Apesar do nome de doação, o ato de doar não é assim tão altruísta e solidário, já que quem doa recebe dinheiro por sua "doação".

A doação de sêmen é a mais simples, menos invasiva e indolor. Geralmente, 5 minutos com algumas revistas pornô, um potinho para coleta e o problema está resolvido ;) Este sêmen é congelado em diferente alíquotas e o doador passa a ser identificado por um número acompanhado do profile do doador. Estas alíquotas congeladas podem ser compradas on line por qqr paciente interessado, e será enviado para qqr lugar do país.

A doação de óvulos é mais complicada. É um processo invasivo, onde a mulher precisa ter seu óvulo puncionado diretamente do ovário, ou seja, ela passa por um procedimento cirúrgico. Este óvulo é tbm congelado, e é criado um catálogo com as informações de cada doador. Podendo ser enviado para as mais diversas clínicas de reprodução humana.

A barriga de aluguel, como o próprio nome diz, é quando uma mulher se dispõe a carregar o bb para um casal, podendo ou não ter uma conexão genética com ela. O embrião é formado no laboratório e implantado no útero desta mulher. Em casos onde esta mulher é tambem a doadora do óvulo, pode ser feita um processo de inseminação artificial. Esta mulher então carregará o bb por toda a gestação, e no momento do nascimento entrega a criança aos "pais".

Lógico que esta é uma explicação bastante grosseira dos processos, apenas para dar um pequeno suporte para que todos entendam a polêmica atual.

Por a doação de sêmen ser a mais simples e a mais antiga, ela têm sido a mais debatida pela mídia, apesar das outras não serem deixadas de fora.

Quando um casal, pelos motivos mais diversos, precisam de um doador de sêmen, este recorrem aos Bancos de Sêmen, e através do profile do doador, os pacientes escolhem o doador que melhor se adequam àquilo que eles esperam para o seu bb.

O Anonimato destas transações é algo levato extremamente a sério. Os pais nunca saberão o nome ou o rosto do doador, apenas informações que serão pertinentes a genéticas e características físicas e psicológicas do bb. O doador por sua vez, assina um contrato abdidicando de qqr responsabilidade pela possíveis crianças geradas e ele tbm não terá conhecimento sobre o casal que utilizará a amostra dele.

Muitos bbs foram gerados usando se doadores, muitos casais só conseguiram realizar o sonho de se tornar pais utilizand-se deste método. No entanto, este processo, atualmente, tomou proporções que requer uma revisão urgentemente. 

Praticamente todos os doadores de sêmen, hoje é "pai" de várias crianças, e me pergunto: Qual o impacto deste fato na vida do doador? Os doadores de sêmen, são em sua grande maioria, jovens que passam a ver o programa como uma forma de renda extra. São poucos os que analisam qual o impacto deste ato no futuro, quando eles estiver mais maduro e decidir iniciar uma família.

Muitas crianças geradas através de doadores são hoje adolescentes e jovens adultos, e têm se questionado sobre sua carga genética e até mesmo se perguntam quantos meio irmãos (ãs) eles têm por aí.

Uma norte americana, quando começou a viver esta fase com sua filha, decidiu criar o sperm listing, que é um website onde as pessoas registram os filhos que tiveram com um específico doador (identificado pelo número). Através deste weBsite, mto filhos de doadores acabaram se conhecendo, e alguns números assustadores surgiram. Doadores com mais de 70 crianças geradas, alguns com até mesmo mais de 150. E posso aformar com conhecimento de causa, que não são todas as pessoas que usam doadores que revelam que o usaram, ou seja, os números podem ser muito maiores.

Várias perguntas estão surgindo, sobre conceito de sociedade, papéis familiares e mto mais. Qual será o impacto em uma pessoa que descobre que possivelmente têm mais de 149 meio irmãos (ãs) por aí? Qual o impacto no doados de descobrir que têm 150 "filhos" por aí? Qual o impacto em um casal/família cujo o homem se revela um um doador e potencialmente o "pai" de dezenas de crianças por aí?

O conceito de filhos, irmãos, pais já não é tão mais fácil de se definir. Sou daquelas que apoia que pai é àquele que cria, mas tbm não posso negar da conexão genética do indivíduo com a criança, e como isso vai impactar a vida de uma família. Legalmente e até mesmo socialmente algo assim não foi realmente levado em consideração, e agora vivemos esta polêmica sobre o que fazer com esta situação.

Há ainda uma outra pergunta hiper importante que gostaria de levantar. Vivemos em um mundo sem fronteiras, quais são as chances de dois irmãos se conhecerem, se apaixonarem e se envolverem sexualmente? Um drama de novela mexicana cada vez mais palpável.

Tenho milhões de coisas na minha cabeça neste momento, ontem mesmo estava conversando com o namorido e alguns amigos sobre isso. Estamos vivenciando uma crise moral, étical, social e religiosa não pensada e prevista no passado. Sei o quanto a RHA é importante para vários casais, amo o que faço, e eu mesma me submeteria a algum processo sem pensar duas vezes. Mas entendo a crise do cenário atual, eu mesma tenho milhões de situações, pensamento e mto mais em minha cabeça, e acho que será impossível achar uma resposta simples para algo tão complexo.

Comments

  1. Acredita que não tem uma semana que estava falando com uma amiga sobre isso (acho que li um artigo no NY Times sobre o assunto...) Fico imaginando o risco de vc "se relacionar" com um meio-irmão/ã sem saber, pois o "pai" foi o mesmo doador...isso tem impactos seríssimos, né? E nem sempre os pais de criação se sente a vontade para falar aos filhos que não são os pais biológicos...se não me engano, esse artigo do NY Times falava que alguns países europeus já estavam legislando o número total de "doações" que os homens poderiam fazer, justamente para evitar que alguém seja o pai de 150 pessoas...
    Muito interessante o tema. Fico imaginando a repercussão daqui a uns 10-15 anos...

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  2. Oi Aline.
    Este é realmente um assunto muito polêmico e delicado e imagino o quanto deve ser complicado para você, como uma profissional da área, lidar com estas questões. Quando as dúvidas baterem se está ou não no lugar certo, lembre-se os motivos que a levaram a estudar e batalhar para seguir esta carreira e não deixe opiniõs alheias, especialmente as negativas te afetar.

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  3. Aline,

    Na sua opinião, como profissional da área, como deveria ser a regulamentação quanto ao número de vezes que a pessoa doa material genético, alguma restrição geográfica quanto a isso, quantas vezes o material poderá ser utilizado em inseminações etc?

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  4. Cara... Sabe quantas vezes li e reli teu texto antes de comentar?

    Não sei se sou muito "narrow minded", mas hoje, não sendo tão fissurada em ter filhos como não sou, tenho como solução mais prática adotar. Claro que muita gente é louca por ter um filho seu. Elmo mesmo, diz que uma das maiores vontades dele é ver um bebê "metade eu e metade ele", sempre fico me perguntando porque é que se vai tanto esforço pra colocar mais uma criança no mundo se existem tantas por aí sem uma família...

    [Já fugi totalmente do tema principal do post, né? ^^]

    Acho melhor parar senão vou ficar filosofando eternamente!

    Beijão!!!

    [E os convites?]

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  5. Muito interessante!! Sempre que vejo algum anúncio atrás de doadores (sêmem/óvulos), eu penso nessas questões levantadas aqui por você. É muito difícil julgar, já que cada um sabe onde o sapato aperta... mas quando tento me colocar na situação, não sei se eu gostaria de ter um filho com meu marido onde o sêmem não é dele. Se não puder ser geneticamente de nós dois, que não seja de nenhum, ora bolas! Adoção!! Aí vem outro problema... Adoção custa muito caro aqui nos EUA. Conversei com um casal há pouco tempo que gastou 20 mil dolares (!) com as taxas das agências de adoção e advogados. Chocada! Talvez a doação acaba sendo a saída mais viável para alguns casais. E enquanto tiver gente comprando, vai ter gente "doando"! Gostei do tópico!! =)

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  6. HELEN, pois é, acho isto assustador tbm!! Realmente a relação entre irmão têm impactos serissímos tanto com o fisiológico (maiores chances de doenças genéticas, maior indice de abortos espontâneos...) qnto o impacto psicológico. Eu acho que a regulamentação com a quantidade de vezes usada para doação é apenas um começo, acho que logo, logo adotaremso por aqui tbm! Bjusss

    PAULISTANA, realmente, este é um assunto que me toca bastante, não só pelo fato de ser uma profissional da área, mas tbm por me preocupar no impacto social e psiquíco de tudo isso. Eu adoro o que faço, adoro mesmo, mas tbm não me abstenho de tudo que me cerca e defendo o que faço com unhas e dentes, acho que há falhas, mas tbm têm espaço para melhorar... Vamos ver como tudo isso vai acabar!! Bjusss

    ANÔNIMO, acho que na verdade pensar em uma solução é muito complicado. No momento não consigo ver nenhuma solução que cubra 100%, mas acho que a limitação de uso e quantidade de vezes que uma pessoa doará, definitivamente, deveria ser controlado. Acho que algo importane seria todos os doadores tbm passarem por um psiquiatro, para que o impacto da doação seja avaliado cuidadosamente. Não acho que limitar geograficamente ajudaria, pois vivemos em um mundo sem fronteiras. Mas como disse, é mto difícel pensar em algo que cubra 100%, pq qqr solução ainda terá mtas falhas!! Bjuss

    CAROL, escrever este post foi super díficil para mim, pq acho o assunto tão complexo que mesmo com o post enorme, ainda não expressei tudo que vai na minha cabeça rsrs. Eu acho a adoção uma ótima solução tbm, mas entendo o fato da conexão biologica ser tão importante para as pessoas. É algo, que de certa forma está incutido no nosso inconsciente. Vc não fugiu do tema não, acho a abordagem da adoção super pertinente, mas o problema é que tantas variantes para tudo, que fica até díficil não filosofar sobre este assunto rsrs. Os convites, ai menina, novela rsrsrs estou trabalhando em um post sobre isso rsrs em breve eu termino rsrs Bjusss

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  7. BARBARELLA, sabe q acho isso super complexo. Eu tbm acho que não toparia ter um filho com o semên de outro doador, mas entendo o qnto a gestação é importante para alguns casais, este assunto é mto complexo, e ainda entra o fato de casais homossexuais, que o uso doador é mto maior. Acho este assunto realmente super complicado. Os processos de reprodução tbm são super custosos, em alguns casos, pais chegam a gastar até mais de 20 mil, varia bastante de um caso para outro. Acho que aqui no EUA, este investimento para ter filhos é algo mto grande, eles realmente não têm limites, e gastam o quanto for preciso, é impressionante! Bjuss

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