Para Pensar

Faz algum tempo que acompanho a coluna da Eliane Brum. Gosto muito da forma que ela escreve! Mesmo não concordando com a opinião dela (o que admito foram pouquíssimas vezes), acho incrivelmente profissional a forma em que ela aborda assuntos onde a opinião pessoal do escritor influencia bastante o que se escreve. Super indico, ela escreve todas as Segundas feiras.

Em uma das colunas recentes, ela comenta sobre o holocausto, dos descendentes dos perpetuadores deste ato horrendo e dos descendentes de suas vítimas. Um caso que me chamou muita atenção no artigo foi a história de uma mulher chamada Bettina Goring, sobrinha-neta do segundo homem em comando no Terceiro Reich. A história me chamou atenção a ponto de estender minha pesquisa a respeito desta mulher.

Aos 13 anos de idade Bettina saiu de casa para poder lidar com a herança que o sobrenome que ela carrega traz, herança que para ela representa culpa e repulsa. O que mais me deixou intrigada na história é que o pavor que esta mulher, e também o seu irmão, têm sobre a genética que eles carregam é tão grande que ambos decidiram se esterilizar, para garantir que os genes de um assassino não fosse pasado adiante.

A idéia a princípio, me pareceu tão dramática e extremista, mas quando tento me colocar na posição destes irmãos, fico pensando se esta é uma decisão tão extremista assim...

Em geral, acho que focamos tanto nos descendentes das vítimas que esquecemos de pensar nos possíveis efeitos de se ser descendente dos perpetuadores de um dos crimes mais hediondos da história da humanindade.

Como deve ser crescer sabendo que vc carrega o sangue de um assassino? Por mais que saibamos que nada do que aconteceu é culpa da atual geração, eu não consigo nem imaginar como seria minha cabeça se esta fosse a minha realidade!

Estou super curiosa para ver os documentários citados na coluna da Eliane Brum!!

Comments

  1. Aline, eu já tinha parado pra pensar nisso... Acho que muitos descendentes mudaram de sobrenome pq são perseguidos e coisa do tipo.
    Vou fazer uma pesquisa sobre a Bettina. Deve ser muito difícil estar no lugar dela, mas não acho que ela deveria se sentir culpada. A maioria das pessoas foram MUITO BEM manipuladas e enganadas naquela época. Vamos deixar para Deus o trabalho de julgar a família dela.

    Beijão! :)

    ReplyDelete
  2. Eu ja conhecia ela, apesar de nao ler sempre e ja tinha lido essa materia, e terrivel mesmo, as vezes imagino como seria estar na situacao deles. Toda conotacao negativa que eles devem sentir e girar em torno do nome deles. Os documentarios devem ser muito bons, pelo menos espero que seja.
    Beijinhos

    ReplyDelete
  3. Woww!! Que chocante!! Interessante o que vc disse. Eu também nunca tinha pensado dos familiares do outro lado da histórias, dos parentes do Nazistas, e a culpa que eles carregam hoje. Adorei o post dessa jornalista. Ótima dica de coluna para acompanhar.
    Beijo!

    ReplyDelete
  4. Aline, também fiquei super curiosa sobre o documentário. Com certeza já já passará nos canais de TV daqui, pois quase todo dia tem algum documentário/reportagem em algum canal alemão sobre o período nazista. Esses dias assisti um sobre a Eva Braun, super interessante!! Se você quiser se aprofundar mais neste tema, há um livro chamado "Tu carregas o meu nome", exatamente sobre os descendentes dos nazistas que carregam o sobrenome dos pais. Vamos lembrar que muitos nazis (provavelmente "baixos oficiais") fugiram para a américa latina - especialmente Argentina, Chile, Uruguai e Brasil - e lá constituíram uma nova família que se perpetuou e talvez muitos dos descendentes dela não tenham idéia que o pai ou a mãe poderiam ter sidos colaboradores do Terceiro Reich. É pra se pensar...

    ReplyDelete
  5. Aline,

    Com relação aos descendentes dos nazistas, acho que o máximo que tinha ouvido falar é de alguns deles terem trocado de sobrenome por toda uma pressão de culpa, vergonha e a perseguiçÃo. Concordo com a Rebeca, e não acho que os descendentes deveriam carregar sentimento de culpa, quando não foram eles que fizeram atrocidades. Mas, realmente, a teoria é uma, e viver uma vida com essas quesões é bem difícil. Acho que o sentimento de vergonha pelos erros dos seus antepassados pesa muito nos ombros. Mas, não acho que a esterelização muda algo, pois não acredito em gene do mal no sangue. Acho que é muito mais as nossas obras.
    Definitivamente, uma coluna interessante.
    Bjo

    ReplyDelete
  6. Eu vi um documentário sobre a família de Hitler o que aconteceu com eles... Achei super injusto que uma parte grande deles tenha sido tratada como culpada, sendo que nem tinha contato com o parente crápula...

    E eu nao acho que maldade eh uma característica genética... Mas ter que levar um sobrenome odioso não da! Ia tentar mudá-lo...

    Mas sem querer levantar muita polemica... Tem uma coisa que eu sempre penso... A historia eh sempre contada pelo lado de quem vence... Então, ser descendente de Truman, o presidente que ordenou o lançamento das bombas atômicas no Japao nao eh algo vergonhoso, mas se pensarmos friamente, ele (Truman) nao deixa de ser um assassino tambem... nao eh? Nao estou dizendo que eh igual... Mas que numa guerra, nunca tem o mocinho e o bandido... isso vai depender de quem conta depois...

    Pobre dessas pessoas, parentes de Goring e dos outros monstros.

    ReplyDelete

Post a Comment

Popular posts from this blog

O Doído Adeus

Cagar não deveria ser tão complicado – parte 2

Eu e o conceito de limpeza nos EUA