Tanto pré-conceito

No dia 30.07.14, o humorista Fausto Fanti (quem aí lembra do Hermes e Renato?) foi encontrado morto. A morte foi declarada como suicídio.

No dia 11.08.14, o ator e humorista Robin Williams (aquele de milhões de filmes que provavelmente você viu pelo menos uma vez na vida) foi encontrado desfalecido e declarado como morto aproximadamente uma hora depois. A morte, até agora, é investigada como suicídio.

A lista de suicídios entre os famosos é gigante. Todos nós sabemos. Se acrescentarmos à ela todos os não famosos, eu não consigo nem imaginar o tamanho que ela chega.

Quando os casos envolvem famosos, a coisa vira rebuliço na internet. O que me deixa intrigada e assustada é a ignorância que ainda cerca os casos de envolvidos em suicídio. Na minha timeline do Facebook, alguns conhecidos fizeram comentários que os levaram diretamente a exclusão da minha página. Duvido que eles se importem, eu me importo, já que me incomoda ver tanto pré-conceito.

Emile Durkheim, sociologista, psicólogo social e filósofo, nomeou e classificou 5 tipos de suicídio, mas existem muitos outros estudiosos que criaram tantas outras classificações. Então não consigo entender como tantas pessoas colocam o suicídio e os suicidas em uma única categoria. Suícidio não é algo tão simples como alguns querem pensar. Não é o caminho fácil para sair de um problema. Não é o ato de um egoísta que não está nem aí para o resto da família. Não é falta de Deus na vida ou no coração. Não é falta de dinheiro, ou excesso dele... Há tantas coisas ligadas a um suicídio que me surpreende ver o quanto o ato e os problemas, que muitas vezes levam ao ato, são minimizados.

Os problemas psicológicos que podem levar uma pessoa a um ato tão extremo são visto como tabus, com pré-conceitos. Psiquiatra e psicólogo ou são profissionais para loucos ou são profissionais para gente fresca e "eu não sou nenhuma delas."

Os distúrbios da mente são encarados com pré-conceitos pelos profissionais da saúde, pelas pessoas que são afligidas pelo problema, pelos familiares dos aflitos, pela sociedade... É incrível como algo tão prevalente em nossa sociedade é visto de forma tão marginal.

É impossível saber as aflições e problemas de uma pessoa para a classificarmos de qualquer coisa. Depressão não é frescura. Depressão não é simplesmente estar triste. Milhares de pessoas no mundo sofrem deste problema, que infelizmente é pouco discutido.

Vamos conversar sobre os problemas que levam uma pessoa ao ato extremo, vamos acabar com os pré-conceitos!!

No momento, a internet está pipocando de textos bacanas que esclarecem várias coisas ligada ao tema. Se você conhece alguém com o problema, se você acha que pode estar com o problema ou simplesmete quer se livrar de certos pré-conceitos e aprender mais, leia todos!!

Esclarecimento é a chave para mudarmos as estatísticas!

Comments

  1. Aline, ótimo texto! Eu até comecei a escrever um texto por causa desta onda de suicídio-depressão que surgiu, está no rascunho, mas não terminei...
    Eu fico muito irritada quando dizem que depressão é falta de "Deus no coração", olha.... se fosse assim todos os ateus seriam deprimidos, ora bolas!!
    Eu que estudei Psicologia, estagiei em clínicas de dependentes, sei de perto o que é ser deprimido, vejo sim, que há muita ignorância e falta de informação por parte da população. E o pior é que eu acredito que ainda vai levar anos para a sociedade tratar isso com menos preconceito! Bjs

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    1. Muito obrigada, Sandra! Tbm penso como vc, todos ateus seriam deprimidos e todos os religiosos seriam os mais saudaveis do mundo. Imagino quantos casos vc deve ter visto na sua carreira e ter que ouvir certas coisas deve ser super irritante :-( Bjsss

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  2. O assunto é realmente sério e não dá para colocar pessoas em categorias!
    Mas por outro lado, para os cristãos o suicídio é um crime horrível, então realmente vejo muitos brasileiros principalmente (já que o Brasil é a maior comunidade cristã) com muito pre-conceito contra o suicídio.
    Porém cada vez que vejo um "rico e famoso" que se suicida, penso que aos olhos do mundo essa pessoa tinha tudo o que a gente queria, mas vai saber o que realmente ela vivia?

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    1. Milena, eu até entendo a visão que os Cristãos tem sobre o suícidio, mas eu não acho nem um pouco coerente e justo dizer que uma doença é falta de Deus, ou se fosse assim, eles seriam os mais saudáveis do Universo e a há tbm o fato de que não sabemos o que a história de cada pessoa, então tornar algo complexo em uam coisa simplória baseado em uma crença chega a ser ofensivo para quem sofre o problema.

      Pois é, é muito difícil dizer o que é a vida da pessoa baseado no superficial que vemos na mídia, no fim, somos todos ser-humanos frágeis
      Bjsss

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  3. Texto mais do que incrível! Concordo em tudo. E ainda mais, é algo muito triste, mas é preciso muita coragem para fazer isso, levar adiante. Não tem a ver com fraqueza. Se tivéssemos todos meia pré conceitos sobre o assunto, poderíamos perceber entre nossos amigos e familiares a depressão e qualquer tipo de comportamento destrutivo, afim de ajudar essas pessoas. Poderíamos dar mais força e suporte e quem sabe teríamos menos tristeza, mais tratamento para quem precisa.

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    1. Obrigado, Nadja! Eu tbm não acho que tenha relação com fraqueza não :-( e sempre acho profundamente triste quando leio casos assim e penso no quanto a pessoa devia estar sofrendo. Bjsss

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  4. Gostei bastante do seu texto, depressao e algo serio e infelizmente tem muita gente por ai que nao entende. Dinheiro, fama, casamento, filhos...a vida e nao e um conto de fadas e temos necessidades diferentes, ter essas coisas nao e garantia de felicidade, e o suicidio dele so mostra mais ainda que qualquer um pode sofrer dessa doenca silenciosa.
    Bjs

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    1. Monique é exatamente isso que penso, a vida de ninguém é conto de fadas! Concordo plenamente com vc! Bjsss

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